Introdução à Permacultura: Reaprendendo a ser Natureza – 25/04/2017

Nesse mundo onde as notícias ruins se espalham mais rápido do que as notícias boas, pensar sob a ótica da Permacultura é reconfortante e trás esperança. Vemos que há muitas notícias boas por aí que valem a pena espalhar, incentivar, investir, apoiar, valorizar…

O que é a Permacultura?

A Permacultura é um termo fundado pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. O termo vem de Agricultura Permanente ou Cultura Permanente, que se sustenta – sustentável. De fato, é um conhecimento que caminha para a lógica oposta à cultura dos descartáveis em que vivemos hoje, onde até as relações humanas e a ética parecem ser tratadas como descartáveis.

O conhecimento da cultura da permanência teve início pela busca de um design sustentável para a criação de ecossistemas produtivos e uma relação de troca de matéria em harmonia com a Natureza (dar e receber elementos puros, saudáveis). A Permacultura é uma pesquisa sobre a junção de conhecimentos ancestrais com a ciência moderna, para a criação de um estilo de vida que caiba dentro dos limites da terra. Também pela necessidade, este tema foi ganhando um caráter social e econômico atrelados às suas técnicas construtivas e de paisagismo funcional, passando por temas como educação, saúde, governo, cultura, etc.

Neste sentido, a flor da Permacultura nos mostra que as suas áreas de atuação perpassam tudo o que a sociedade necessidade para sua sobrevivência. É, portanto, como uma visão holística baseada em éticas e princípios.

A FLOR DA PERMACULTURA

A flor da Permacultura nos mostra os diversos temas da sociedade a serem trabalhos pela ótica da sustentabilidade.

O centro da flor é a base que nos mostra COMO olhar para cada um destes temas: trazendo Ética e Princípios de Design para a Sustentabilidade / Permanência. O ser humano, aqui, trabalha no resgate de soluções tradicionais e é tido também como um co-criador em constante processo de aprimoramento e geração de conhecimentos e tecnologias, como os citados acima.

As 3 éticas da Permacultura são: 1. Cuidar da terra; 2. Cuidar das pessoas; 3. Partilha justa (estabelecer limites para o consumo e reprodução, redistribuindo o excedente) – para uma reflexão aprofundada neste tema, ver: http://permacultura.ufsc.br/o-controverso-terceiro-principio-etico-da-permacultura/

Esta reflexão nos mostra que o altruísmo é importante para a criação de uma sociedade mais justa. É passando por este tema polêmico (capitalismo x comunismo), que hoje podemos dar um passo a mais e entender que todos podemos ajudar a criar uma sociedade mais justa. Neste sentido, vemos por exemplo uma crescente de ONGs, empresas e indivíduos que trabalham com responsabilidade socioambiental, dividindo entre todos o dever de criação de um mundo melhor e parando de esperar que o governo político o faça sozinho.

De fato, embora trabalhe com diversos fatores e variáveis, o maior desafio da Permacultura se dá nas relações humanas, como citado por muitas ecovilas e assentamentos sustentáveis pelo mundo. Não só da Permacultura, este é o maior desafio da humanidade, hoje. Neste sentido,  devemos partir de dentro para a mudança. Devemos, de fato, olhar sempre para nós mesmos no sentido da ética, do auto-desenvolvimento e de uma boa atuação e comunicação com os que nos rodeiam. O tema da Comunicação Não Violenta (CNV) é bem útil neste sentido.

AS 3 ÉTICAS E OS 12 PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA

As 3 éticas e os 12 princípios da Permacultura

Para entender melhor como aplicar os princípios da Permacultura, trago aqui duas fontes para aprofundamento: https://zerodesperdicio.wordpress.com/2010/10/30/flor-da-permacultura/ e http://permacultura.ufsc.br/o-que-e-permacultura/

A Permacultura vem quebrar padrões, paradigmas. Na vivência diária da Permacultura é preciso perder medos e vencer barreiras, como por exemplo na compostagem dos resíduos orgânicos, na manutenção de certos tipos de Banheiro Seco e minhocários, onde os trabalhos são manuais, com uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), se necessários. Algumas vezes, têm-se como prazeroso e belo ter esse contato, com as minhocas, por exemplo.

Existe também a idéia na Permacultura de utilizar os recursos disponíveis, onde a reciclagem e reutilização são valorizados (“A Natureza não produz lixo”). É o caso, por exemplo, do uso do mulch (cobertura morta), uma camada de folhas secas e galhos sobre canteiros de plantas. Amplamente utilizado na Austrália, esta prática no Brasil ainda é tida como sinônimo de sujeira.

Mulch (cobertura morta) em jardim.

Existe, portanto, um certo preconceito onde a Permacultura se confunde com um movimento que não valoriza a estética, a organização e a higiene, por exemplo, sendo confundida como sinônimo de “gambiarra” ou sujeira.

Neste sentido, vale a reflexão de que a estética é uma opção pessoal e também relativa. Porém, também vale salientar que a Permacultura tenta imitar a Natureza, criando, portanto, formas e estética naturais, criativas e curiosas. É um convite para a co-criação, para que cada um encontre o seu modelo de paraíso.

Banheiro Seco: a “descarga” é feita com serragem.

Escolhas equivocadas podem ser feitas por pessoas em todas as profissões da atualidade. Os permacultores não ficam de fora, também podem errar ou deixar a desejar. O contraponto da Permacultura é que devemos quebrar alguns preconceitos e buscar entender as leis da Natureza. Um exemplo: os Banheiros Secos são uma solução viável que economiza água e gera adubo. É necessário prestar manutenção a esses sistemas, portanto devemos levar em consideração a possível existência de patógenos, que se decompõem à temperatura acima dos 65 graus Celsius.

Enfim, fica o convite para conhecer as diversas áreas da Permacultura e analisar a viabilidade de aplicá-la em sua profissão, sob o seu ponto de vista estético e ideológico e a sua condição social, ambiental e econômica. Aqui, há lugar para todos!

Para fechar, trago alguns pensamentos sobre a Permacultura:

A Permacultura é se permitir sonhar estando com os pés no chão.

É um caminho onde caminhamos juntos entre si e com a Natureza.

É se reconhecer como Natureza.

É ver a humanidade como passageiros do mesmo barco, chamado Terra.

É fazer parte, decidir, conhecer e ter consciência de tudo o que engloba sua vida: saúde, comer, morar, assistir, vestir, se relacionar, etc.

É respeitar e reconhecer profundamente a vida, em todas as suas formas, como divina criação que somos.

Mariana Maciel
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