Neste domingo dia 04 de Junho, abrindo a Semana do Meio Ambiente, o Recife vai receber uma oficina sobre a agricultura urbana na Rua da Soledade, 37 – Boa Vista, as 13h.
“O evento vai abrir um ciclo de oficinas que está por vir no espaço “Soledade 37″, que é um sobrado na Rua da Soledade – Boa Vista, onde tem como propósito disseminar práticas da Permacultura utilizáveis para o meio urbano”, explica a facilitadora da oficina Isabelle Santos, idealizadora e co-fundadora da Horta Comunitária de Casa Amarela.
Na oficina, se aprenderá a fazer canteiros em pequenos espaços, horta vertical, horta suspensa, biofertilizantes, biodefensivos, EM (microorganismos eficientes, uma prática da Agricultura Biodiâmica) e outros. Neimar Marcos, também facilitador da oficina e Permacultor de longas datas e forte atuação em diversas regiões do Brasil, também abordará a técnica de Masanobu Fukuoka (método da palha), trazendo esta simplicidade da agricultura natural (ou selvagem).
Adentrando o assunto, Marcos nos conta sobre o contexto e propósito da oficina:
“Este assunto de agricultura urbana está virando uma tendência, pois nem todos querem ou podem ir morar na roça. A idéia desta oficina é despertar uma resiliência nas comunidades urbanas, através de atividades de melhor ocupação do espaço urbano, pois vivemos numa sociedade com espaços ociosos, principalmente espaços públicos como praças, parques, canteiros de trânsito. Então a idéia é que cada espaço urbano seja melhor aproveitado. Esta oficina de domingo vai ser uma atividade pedagógica no intuito de estimular as pessoas a fazerem o melhor uso do espaço e criar essa cultura de resiliência, através da produção de alimento como um grande ato revolucionário, partindo da visão que os fundadores da Permacultura trouxeram de que o ato mais revolucionário é plantar o próprio alimento. O plantio de alimento como processo de emancipação dos indivíduos, pois o sistema nos escraviza através dos alimentos.
Com o advento da agricultura baseado no Business, no (agro)negócio, e nas grandes corporações agrícolas, esse ato do plantar está cada vez mais sendo concentrado pelas grandes corporações e fica flutuando entre as pequenas propriedades rurais – entre o que sobrou das famílias que se mantiveram do campo. E nas pessoas que saíram do campo para as cidades, esse ato de plantar ficou perdido e esquecido, mas ele está aí no inconsciente e ele surge como uma demanda contemporânea de deixar as cidades mais sustentáveis e ecológicas e aproveitar os espaços para produzir alimentos, principalmente para essa demanda que surge em relação ao alto consumo dos agrotóxicos.
Então como a gente pode criar uma segunda via na produção de alimentos onde a gente tenha certeza de que esse alimento está sendo produzido de maneira saudável, sem agrotóxico? Pelo menos que alguns dos produtos que mais consumimos possam ser produzidos, já que a auto-sustentabilidade completa é quase impossível de ser atingida no contexto urbano, mas podemos produzir ao menos alguns alimentos orgânicos e estimular essa prática da sustentabilidade, uma prática pedagógica e também terapêutica.” Neimar Marcos